25.12.08

Mamihlapinatapei

― Que filme besta.
― Ah, não me deixa dormir...
― Tá bom.
― Ué, não faz isso, senão eu durmo.
― Por que não pode dormir?
― Eu prometi que ia dormir com ela.
― Ah tá.

E os anos deslizaram como este diálogo.

20.12.08

O Homem, A Bicicleta e A Desventura.

Noite passada, vi um homem a espancar sua bicicleta.
Embriagado, xingou a deus e o mundo, incluindo a pobre bicicleta. Arrastou-a, impiedosamente, pela calçada de paralelepípedos, pelo áspero asfalto da rua. Antes que pudesse conter-me, eu havia criado um ponto de vista sobre o evento.
Pus-me, então, a pensar:
Que fizera a pobre bicicleta?
Não trabalhara de sol-a-sol arduamente sem sequer queixar-se (exceto por guinchos ocasionais)?
Não carregara, em silêncio bicicletal, o peso de homens e mercadorias sem reclamar?
Não divertira os filhos dele, até que suas panturrilhas cansassem de tanto exigirem de seus pedais e corrente?
Não lhe salvara a pele quando estivera atrasado para o serviço?
Que fizera a pobre bicicleta?
A pobre bicicleta falhara.
Sem manutenção, regulagem, cuidados que qualquer um teria com sua nobre companheira, a pobre bicicleta falhara.
E, puxa, ela já deveria saber: as nobres bicicletas nunca falham. E, por mais que nunca tenham vacilado em vida, as pobres bicicletas falham em algum momento.
Confesso: simpatizei-me para com a pobre bicicleta. Provavelmente, a esta altura de Dezembro, já deve estar largada em algum barracão à mercê da sorte.
Ainda assim, deixo aqui meus sentimentos.
Que fizera a pobre bicicleta?

19.12.08

Retorno à tosqueiria

e mais uma vez estavam todos reunidos para aquilo que faziam de melhor: falar mal dos outros.

16.12.08

Infelizes Mamíferos Machistas Subterrrâneos (?)

― Alô.
― Oi.
― É... o Tatu tá?
― Não... mas a mulher do Tatu tá. E a mulher do Tatu tando é o mesmo que o Tatu tá.
― Ah, sim... e você, como tá?
― Ah, eu não sou ninguém, sou só a faxineira-tatu que atendeu o telefone.
― Ninguém é ninguém.
― Pra você, eu sou ninguém.
― Ah...
― É. Isso.
― Então é como se você fosse uma espécie de personagem secundário, né?
― Acho que sim. Mas não recebo pra isso. Deveria estar varrendo a sala...
― É, é verdade. Então, paro por aqui.
― Tudo bem. Não vai querer falar com a mulher do Tatu?
― Não, sou extremamente machista. Assunto de tatu-macho é assunto de tatu-macho.
― Tudo bem. Quer deixar recado?
― Não, não, deixa pra lá. Obrigado. Tchau.
― De nada... tchau. (fadeout)

5.12.08

Luva branca e viseirinha

Pagode, São Paulo

Pago     S 

   god , São Paulo

         , São    

      go, São Paulo

Pago           Pau

2.12.08

onanismo

a namorada viu o outro a masturbar-se.
o pai viu a mulher a se tocar.
e começaram também.
e olhei pro céu de são paulo e achei que era promessa:
todos a se masturbarem.
fiquei excitado e fiz o mesmo.

aquele branco a escorrer pelo tiête
não era poluição.
nem sabão.
era a porra dos paulistanos.